O mercado da Casa Conectada está em constante crescimento e vemos cada vez mais empresas surgindo como fornecedoras de produtos ou prestadoras de serviços. Este aumento na oferta tem sido absorvido de forma consistente pelo mercado consumidor, mas os números mostram que, na verdade, continua havendo uma carência no atendimento. Muitos potenciais interessados acabam desistindo ou porque não encontraram um profissional realmente capacitado ou porque faltou aquele “consultor” que o ajudasse a entender os benefícios e possibilidades.
Há, basicamente, três tipos de carências que podem se tornar oportunidades para aqueles que querem empreender no mercado.
O primeiro e mais interessante é a distribuição geográfica. Pela possibilidade do cliente começar a deixar sua Casa Conectada com pouquíssimo investimento, praticamente qualquer residência é um potencial cliente, mesmo para projetos simples. Antes da chegada destes produtos de custo acessível, o investimento em automação era alto e acabava se restringindo a residências em grandes cidades. Hoje, mesmo cidades pequenas podem ser um mercado muito promissor para profissionais capacitados. E o profissional que, pela sua localização, se dedique a este mercado ainda contará com um grande aliado, que é a indicação boca-a-boca, comum em cidades menores.
A segunda carência que vale a pena ser abordada é a de “consultores” de aplicação. Estamos falando de profissionais que conseguem trazer para o cliente soluções para seus problemas, desenvolvendo nichos de mercado próprios. Alguns dos nichos que têm se destacado ultimamente são:
– Controle de piscina (iluminação, bombas e até válvulas e controle químico)
– Adaptação de residências para pessoas com deficiência, dificuldades de locomoção ou idosos
– Redução de custos com energia, água e gás
– Irrigação e cuidados com jardins.
Mas existem ainda uma série de aplicações fora da residência que podem ser atendidas: pequenos negócios, lojas, oficinas e até granjas e hidroponia podem se beneficiar da automação oferecida por produtos originalmente focados em residências conectadas.
Para este grupo, o cliente normalmente tem um problema ou desafio e não tem ideia de como resolver de forma simples e de baixo custo. O profissional precisa se apresentar como um “consultor” onde seu foco é achar uma solução e não apenas vender produtos e serviços. Precisará aprender com o cliente, sugerir soluções, desenvolver pilotos antes de ter uma solução pronta. Em casos mais complexos, é possível até cobrar por esta consultoria, mesmo que o cliente acabe não investindo de imediato. E vale lembrar que muitas dessas soluções podem depois ser facilmente “exportadas” a outros clientes com necessidades similares.
A terceira carência se refere à “multidisciplinariedade”. Preparar uma residência para receber produtos inteligentes pode envolver disciplinas como elétrica, redes WiFi e até pequenas obras civis para passagem de cabos. Poderá ser necessário “puxar” o neutro para os interruptores ou alterar a instalação de alguns equipamentos (bombas de piscina, aquecedores, etc). A rede do cliente pode não estar chegando em todos os pontos onde os produtos serão instalados, exigindo que a rede seja expandida e melhorada.
Assim, ter uma equipe única de profissionais que possa atender a esta demanda de forma centralizada evita que o cliente tenha que contratar equipes separadas e ainda coordenar as atividades.
O mercado da Casa Conectada está carente de profissionais, mas ainda não está preparado para valorizar a mão-de-obra. Ainda é difícil para o cliente entender que a instalação de um produto pelo qual pagou R$100 pode custar mais caro que o produto em si. É responsabilidade do profissional mostrar seu diferencial para que o cliente entenda e valorize o investimento total (produtos e serviços) perante os benefícios que terá.
E uma forma do profissional ter seu valor reconhecido pode ser atendendo a algumas das principais carências do mercado citadas neste artigo.