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Edificações inteligentes são tendência sem volta

Conectividade e eficiência definem as edificações inteligentes, que fazem uso intensivo de sensores e automação, para facilitar a gestão de condomínios e reduzir custos. “Esta atualização tecnológica está em curso também nas edificações mais antigas, naquilo que é conhecido como retrofit”, assegura José Roberto Muratori, diretor do Projeto Conectar e gestor do Portal Prédio Eficiente.

De acordo com Muratori, o uso intensivo de sensores inteligentes, a automação dos processos e o gerenciamento de edificações por meio de aplicativos é um caminho sem volta. Agregar tecnologia na operação e na manutenção das edificações tem contribuído para facilitar a gestão, viabilizar a administração remota, prevenir problemas e reduzir o tempo de eventuais consertos de equipamentos. “Não se trata apenas de economia na gestão; a tecnologia torna a vida do usuário mais confortável, prática e segura”, pontuou.

Muratori alertou, entretanto, que tornar uma edificação realmente inteligente não significa apenas a instalação de alguns sensores e automação de alguns processos, ainda que isso já traga importantes benefícios. O processo efetivo envolve a atuação integrada de diversas disciplinas, como arquitetura, design de interiores, instalações elétricas, ar-condicionado, ventilação, pressurização, luminotécnica, prevenção e combate a incêndios, segurança eletrônica, alarmes, controle de acesso, automação entre outras.

“Tudo isso funcionando, conectado e em nuvem, permite a automação de diversos processos, a gestão remota, a manutenção preventiva, a redução de prazos e de custos para solução de problemas. Também viabiliza a geração de relatórios de dados agrupados, conforme necessidades dos diversos setores”, pontuou.

O diretor do Projeto Conectar destacou, que existe a tendência de crescimento no país dos edifícios de múltiplos usos. Eles integram, num mesmo empreendimento, moradia, comércio, prestação de serviços e ocupação temporária. Nesses empreendimentos, há distintos perfis de usuários, que podem ter acesso a determinadas áreas ou não, como academia, piscina, workplace etc.

Além disso, cada área tem suas demandas específicas de insumos e os custos gerais do condomínio não podem ser rateados de forma linear, mas sim de acordo com o consumo, com bilhetagens específicas. “Como se controla o acesso a determinadas áreas, como se faz a correta distribuição da bilhetagem do consumo, enfim, como se faz a gestão de um prédio desse sem tecnologia?”, perguntou-se Muratori.

Para ele, essa tendência demandará também a revisão da forma de atuação das concessionárias no gerenciamento de energia para esses empreendimentos, sendo que alguns deles podem ter geração própria complementar. “As concessionárias podem e devem contribuir para facilitar a gestão energética desses empreendimentos. Isso também passará necessariamente pelo uso de tecnologias, que possibilitem tratar clientes distintos de acordo com suas necessidades”, previu.

Para Marcos Oliveira Felício, Product Line Manager da Schneider Electric, os smart buildings podem ajudar a potencializar o smart grid. “Digitalizar toda a estrutura elétrica de uma edificação é condição para que ela trabalhe de forma integrada à smart grid, com ganhos para ambos”, disse.

Felício, que também foi palestrante do Fórum, explicou que o processo de digitalizar a energia de um prédio é composto por três fases: conexão, automação e expansão. Num primeiro momento é necessário fazer a avaliação dos pontos adequados para serem medidos e conectá-los a um software de BMS (Building Management System). A partir disso, o sistema BMS possibilita a análise dos dados e a tomada de melhores decisões, além de automatizar algumas atividades pré-programadas e, por fim, os sensores inteligentes permitem a expansão e a troca de dados entre diversos sistemas, que vão contribuir para o melhor uso da energia. “Edifícios pode potencializar o smart grid desde que, antes da conexão à rede, sejam transformados em smart buildings”, pontuou Felício.

Um bom exemplo de como pode ocorrer a integração entre as empresas de distribuição e os edifícios inteligentes é o processo de modernização do estádio do Pacaembu, em São Paulo.

A concessionária Allegra Pacaembu, que assumiu a gestão do complexo por 35 anos, além de modernizar o clube poliesportivo e o estádio de futebol que compõem o complexo, irá implantar no local um centro de eventos, arena de jogos digitais, restaurantes, mercado gastronômico, hotel, centro de reabilitação esportiva, galeria de arte, hub de inovação e boulevard.

Diante da complexidade envolvida no projeto, a empresa firmou uma parceria com a CPFL, que ficou a cargo de implantar, no complexo, um sistema elétrico que atenda a toda diversidade do projeto com eficiência, estabilidade, segurança e economia.

Flavio Souza, Diretor Comercial da CPFL Soluções, disse que algumas premissas foram definidas, como o uso de energia proveniente de fontes integradas e limpas e o uso de sistema de gestão BMS, que proporciona operação centralizada para aumentar a disponibilidade e a eficiência dos sistemas monitorados.

O diretor comercial explicou que o sistema será composto ainda por duas usinas solares fotovoltaicas, uma usina de cogeração, que irá aquecer a piscina olímpica e fornecer água quente ao complexo, dois bancos de baterias para evitar oscilações de energia, central de climatização, quatro geradores de emergência, 47 painéis de média tensão e dez carregadores de veículos elétricos. “Diante da evolução nas vendas de carros elétricos no país, é bem provável que esse número de carregadores tenha de ser revisto”, previu. O sistema implantado pela CPFL, além de atender todas as necessidades energéticas do complexo, também irá propiciar a redução da emissão de 210 ton/CO2 por ano na atmosfera. “O uso intensivo de tecnologias e conectividade, agregadas a um sistema inteligente de gestão, é o que torna possível esse projeto, que devolverá à São Paulo um de seus símbolos, modernizado e alinhado com as novas necessidades da cidade”, concluiu Souza.

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